Uma identidade própria

Aproveitando que estamos em pausa para compromissos das seleções nacionais,aproveito para falar um pouco sobre o estado atual do FC Porto. O vice-campeão nacional não apresenta até ao momento um futebol de gabarito e vistoso e as últimas exibições têm sido pobres e com pouca chama.

Sérgio Conceição,o atual técnico dos portistas,para mim, pessoalmente,sempre achei um treinador competente. Um treinador capaz de cumprir objetivos mesmo sem "jogar bonito" e inclusive capaz de fazer omeletes com poucos ovos. Veja-se no Olhanense,onde atingiu por exemplo o 8º lugar,marca essa que é da melhor participação do clube algarvio na 1ª liga. Na Académica,salvou os estudantes da descida na reta final de 2013,e na temporada seguinte conseguiu realizar um campeonato tranquilo onde bateu o pé a FC Porto e Sporting (em Alvalade).

Sérgio tem tido dificuldades na sua 3ª época de FC Porto

Em Braga recolocou os arsenalistas na rota da Europa e foi finalista vencido no Jamor onde tinha o jogo ganho e em 5 minutos deixou o troféu fugir. Contudo nesse ano,Conceição bateu o pé ao Benfica de JJ por duas vezes e uma delas em plena Luz. Em Guimarães,conseguiu recolocar  a equipa no bom caminho e garantiu a manutenção sem grandes sobressaltos.

Essencialmente as passagens por Coimbra e Minho,foram para recolocar os clubes na rota certa e valorizar imensos jogadores que foram treinados por Sérgio.

Em França,no Nantes,a equipa ocupava o 19º lugar da Liga,até que chegou SC. Aí o timoneiro pegou na equipa,levando-os á 1ª metade da tabela da Ligue 1,protagonizando uma "remontada" que deixou os franceses de boca aberta. Mais uma vez repito,tudo isto sem jogar um futebol de elevada "nota artística".

Chegamos agora ao FC Porto. Lugar onde o mister foi feliz como jogador,e também como treinador. Sobretudo na sua chegada,onde em maio de 2018 conquistou o título,sob circunstâncias conhecidas por todos. Penso que esse,foi até ao momento o ponto mais alto da carreira do atual técnico do FC Porto. 

As suas equipas nunca jogaram um futebol que merecesse um destaque,mas a verdade é que SC cumpre dentro da norma,os objetivos estipulados pelos clubes no início das épocas. Contudo,deixem-me que aponte algumas falhas a SC....

As limitações táticas de Sérgio 

Ao longo de 2 anos e 5 meses,denoto em SC algumas limitações do ponto de vista tático. O modelo de jogo dos dragões está ainda muito assente na fórmula vencedora e trituradora de 2017/2018. Mas hoje em dia,no futebol tudo muda num segundo e a verdade é que o modelo base deste FC Porto parece ter esgotado os seus recursos. Está na hora de dar asas á imaginação e procurar implementar uma nova ideia,que encoraje e motive os jogadores diariamente para a interpretar e no campo pô-la em prática com toda a força do planeta. Senão,qualquer equipa da Liga NOS faz frente e causa distúrbios ao FC Porto,mesmo que essa mesma equipa esteja mal posicionada na tabela,ou apresente um futebol pior do que aquele que os dragões praticam.

Há uma coisa em que eu dou valor a SC. Bolas paradas. De facto,SC trabalha imenso e prepara ao milésimo pormenor todas as bolas paradas ofensivas da sua equipa. Ainda esta semana no canal 11, Pedro Bouças mostrou um gráfico onde relatava que 41% dos golos dos portistas são em lances de bola parada. Ou seja,quase metade dos golos. 

Mas tirando lances de bola parada,o FC Porto não apresenta um volume de jogo exorbitante em ataque posicional. É algo que deveria preocupar o treinador,face aos jogadores que tem,poderia perfeitamente adotar outro estilo,mas isso,são já opiniões de fora...

O futuro 

O próximo jogo é para a Taça frente ao Setúbal,em casa,onde os dragões deverão carimbar o passaporte para os 1/8 da taça sem grandes dificuldades. Mas é depois da Taça,ou seja.na Suiça,que os dragões terão um teste de fogo que irá decidir a continuidade ou não na Europa. Young Boys é o próximo derradeiro teste dos portistas,e é aquele em que o grupo de trabalho e toda a estrutura têm obrigatoriamente que vencer...ou vencer....